I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!
II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas…
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!
III
Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano…
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.
IV
E vós, ninfas do Coura onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!
recebido por mail
10 comentários:
Muito "original! : )
Bela adaptação! :)
De facto precisamos de muita inspiração para nos livrar-mos desta corja...
Espectacular ... Versão moderna e tão verdadeira ... só acrescento os "Velhos do Restelo" persistem neste país ...
Quo Vadis ...
Muito bom, uma excelente adaptação dos "Lusíadas" aos nossos dias.
Bj e bom fim de semana
Uma boa adptação, muito criativa, mas infelizmente, tão verdadeira para Portugal quanto para o Brasil.
Beijokas e bem vindo.
Seguindo...
Uma adaptação moderna. Beijos.
Quanta imaginação ;-)
Gostei particularmente de:
"Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta."
Beijinhos
Uma adaptação muito moderna e verídica!
Agradeço a visita ao "rubraacácia".
Gostei desta versão de Os Lusíadas.
Solidarizo-me, afirmando que
"Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a
parte!".
Voltarei à Manjedoura.
Beijo
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