
Correu, correu até chegar ao pé do balde de água e com o sol e o calor que se fazia sentir, refrescou-se lavando primeiro a cara e de seguida molhando a cabeça. Depois, deixou o balde já vazio no lado da estrada e seguiu o seu exercício diário enveredando pelo trilho da levada.
Perguntavam do outro lado da estrada pela banda que iria passar na caravana comandada pelo regedor. O regedor era o homem mais popular da aldeia e o mais temível pelo seu ar de supervisor e pontual. De ombros levantados, andava sempre à procura dum prevaricador, de alguém que não estava no lugar certo a cumprir as regras sociais. A banda, por si chefiada, era ordeira e cumpridora dos seus tempos.
Correr, passear e fazer exercícios era o lema do João, que pensava que a vida era só um dia, por isso não podia parar. Vivia numa ilha cheia de invejosos espaços, puro ar, serra e mar à sua disposição e de graça. Via que tinha condições ambientais e físicas que não podia dispensar. O Exorcista, nome que lhe apelidaram erradamente porque fazia muito exercício (exorcista), não percebia o porquê das pessoas alimentarem vícios, como os cafés, o tabaco, o alcoolismo, a televisão e a constante utilização do carro, tendo uma melhor qualidade de vida à frente das suas caras.